sábado, 27 de setembro de 2008

REFLEXÕES DE UM DIA DE CHUVA



O tempo no Rio continua invernal. A sensação térmica deve estar em torno de 12º C, céu carregado e chuvas esparsas. Parece que estou na serra gaúcha, o que de certa forma desperta uma pequena saudade daquela paisagem e também uma saudade do pampa, de onde sou nativo.

Aqui no Rio não cultivo muito o hábito de tomar chimarrão, mas certamente estaria mateando se estivesse no Sul. Esse tempo feio inibiu minhas pedaladas, coisa que faço quase diariamente. Aliás só saio de carro à noite ou quando tenho que fazer algo além túneis (Rebouças ou Zuzu Angel). De resto, resolvo quase tudo de bicicleta, o que é mais saudável, contribui para desafogar o trânsito e diminui minha parte nas emissões de CO2. 

Acho que as pessoas que não se adequam ao transporte coletivo deveriam tentar desenvolver esse hábito, como acontece na Holanda e outros lugares onde essa consciência é mais desenvolvida. Mas não bastam as ações individuais, também temos que agir coletivamente exigindo  transporte público digno e mais barato.

Foi um absurdo o que aconteceu em São Paulo: no dia programado para que as pessoas deixassem o carro em casa,  houve um dos maiores congestionamentos da história da cidade. Isso fez lembrar de um livro de Inácio Loyola Brandão, Não Verás País Nenhum, de 1981, um romance fantástico, impactante e de difícil digestão,  que projetava o Brasil num futuro não muito distante em que todas as bolhas pareciam ter estourado:  a falta de recursos naturais, a explosão demográfica, a falência do sistema financeiro, a escassez de água potável, a mutação genética, a perda da identidade individual, entre outras conseqüências do mau uso que fizemos do que nos foi disponibilizado nesse planeta para cumprirmos nossa evolução.  

Em seu livro, Loyola Brandão descrevia o dia do GRANDE ENGARRAFAMENTO (grafado em  maiúsculo), em que os automóveis, tomando todos os espaços das vias, formariam um  gigakilométrico comboio, irrecuperavelmente estático. Os proprietários dos carros relutariam em abandoná-los, mas por fim o fariam, ao cabo de algumas horas, dias ou semanas, conforme a sua capacidade de desapego. E esses veículos, após sofrerem inevitáveis depredações formariam um imenso museu a céu aberto. Uma gigantesca instalação da além pós modernidade, de alto poder reflexivo. 

Preciso dizer que não sou um cara fatalista e assim como Caetano em  sua canção Fora da Ordem,  eu também acredito em várias harmonias bonitas possíveis sem juízo final. Mas que tomamos um rumo errado, isso tomamos. 

Nunca gostei muito da idéia de luta de classes, pois sempre preferi acreditar na união das classes e sempre pensei que o bom combate deve ser feito com solidariedade e respeito ao outro. Mas as diferenças sociais chegaram a um nível absurdo, insustentável, que acabou dando espaço aos poderes paralelos e milícias que vemos expandir-se nas favelas e periferias do mundo. 

Diz-se que o lema da Revolução Francesa deveria ser, a princípio, Fraternité, Égalité, Liberté e não Liberté, Égalité, Fraternité, como acabou consagrado. Qual a diferença? É colocar a Fraternidade na frente, na base, pois sem ela não pode haver nem igualdade nem liberdade verdadeiramente conseqüentes. Ser fraterno implica em tratar alguém como irmão, de igual para igual.  Não igual por não possuir identidade própria, mas sim por gozar dos mesmos direitos, condições e perspectivas. Ao nos sabermos iguais, poderemos finalmente ser livres, pois nossa liberdade não afetará em nenhum aspecto a liberdade do outro. 

A liberdade, colocada como foi no princípio do lema, pode levar a vários desdobramentos não necessariamente igualitários nem fraternos. A serviço das paixões mesquinhas e do egoísmo pode ter conseqüências desatrosas.  

Sempre sinto calafrios quando nos filmes americanos algum personagem solta a célebre frase:
 - This country is free! ,como uma apologia às liberdades internas daquele país em contraponto a outros países onde essa liberdade não é encontrada. Essa frase era mais típica na época da guerra fria e era uma forma subliminar de desqualificar os estados totalitários da União Soviética, de Cuba e de outros países com governos de inspiração socialista. 

Na verdade sempre fui adepto do caráter fraterno e igualitário que estava no cerne das manifestações que originaram as transformações dessas sociedades, mas isso também não seria suficiente, como de fato não foi,  se entre as conseqüências dessas transformações e no ápice delas não se encontrasse a liberdade. Por isso, embora eu tenha um espírito cuja expressão política mais aproximada é o socialismo,  sempre fiquei com um pé atrás com os mencionados governos do socialismo real pois que, ao tornarem-se totalitários, confiscaram a seus cidadãos suas possibilidades de pensar e agir livremente. O que eu sinto, no fundo, é que até hoje não tivemos, nessa breve história da nossa civilização, uma organização política que atendesse a todas necessidades do ser humano. 

Talvez a emergência dos fatos  desperte-nos um inquebrantável desejo de harmonia que nos impulsione a conduzir a história para um ponto ideal num futuro próximo. É isso ou a barbárie. 

Ainda sobre a liberdade dos americanos, se é que ela pousa suas asas sobre todos que vivem naquele país,  a sua conta muitas vezes foi e ainda é paga com a opressão de outros povos, invariavelmente com níveis inferiores de desenvolvimento. E essa liberdade sem fraternidade e igualdade, no que diz respeito à economia,  erigiu um mundo globalizado fragilmente sustentado sobre os alicerces dos livres mercados, totalmente autônomos, sem regulamentação, ou regulados de forma parcial, seguindo a ótica da especulação, da exploração e da cobiça, sem levar em conta as necessidades verdadeiramente globais dos seres que habitam os 510 milhões de km2 a que estamos confinados nesse recanto do Universo.

Pois esse desenfreado liberalismo, com o capital financeiro ao volante, agora clama por uma intervenção do Estado, do funesto estado americano para resgatar papéis podres, que foram fonte do lucro ilícito de especuladores mundiais sem o menor escrúpulo. Não deixa de ser um contrasenso, e, perdão pelo lugar comum, uma ironia do destino,  que os poderosos defensores e grandes beneficiários do fundamentalismo de livre mercado, instalados em Wall Street, dependam hoje de uma cirurgia estatal para garantir sua sobrevida. 

Comecei esse papo com um passeio de bicicleta e acabei nessa conversa que está nos noticiários do mundo inteiro. Mas é fato que não podemos flanar pelo mundo como se essas coisas não estivessem acontecendo. Isso me fez lembrar uma música feita em parceria com Ana Carolina, Nada Te Faltará, que clama pela fraternidade: 

peço paz aos filhos de Abraão
quero Gandhi na melhor versão 
e nada vai me faltar 
e nada te faltará.

Realmente é isso que desejo, que nada falte a ninguém, que todos tenhamos acesso a tudo.
Utópico?
Pode ser, mas no terreno da canção tudo é possível.
E se as canções têm o poder de colocar as pessoas em um estado vibratório positivo, certamente  bons  pensamentos  e ações corretas podem contribuir para um mundo melhor. 

Estava pensando em falar ainda sobre alimento orgânico, reciclagem e outros assuntos relativos que fazem parte de minhas preocupações, mas já me sinto muito extensivo hoje e por isso deixarei para um futuro post.

Encerramos a temporada do Além do Paraíso no Hideaway nessa quinta. Foi o melhor dia, pois naturalmente o show cresceu, ficou ainda mais dançante e foi uma delícia ver  as pessoas se divertindo ali na frente, num clima muito alegre e amoroso. Nós no palco também nos divertimos muito, todo mundo mandou ver!

Em breve, acho que ainda em outubro, voltaremos em algum outro lugar do Rio. E deve rolar também em São Paulo e Porto Alegre em novembro.

Muito obrigado a todo mundo que foi ao show e a todos que têm vindo aqui. Li todos os comentários com muita atenção, alguns mais de uma vez, mas como falou a Paula Estrela eu teria que morar na frente do computador se quisesse responder a todo mundo.

Amanhã vou adicionar algumas fotos do show, hoje deixo essas imagens do Rio nublado e chuvoso, que foram inspiradoras, afinal deram start aos meus escritos do dia. 

Essa semana vou concluir em estúdio a canção Além do Paraíso e começar as bases de novas músicas, Odisséia, que abre o show, Velas Pra Todos os Santos (uma milonga altamente dançante), Aqui (que resolvemos colocar no disco) e alguns sambas.

Assim que souber quando e onde serão os shows vocês serão os primeiros a saber.

Boas vibes a todos.






segunda-feira, 22 de setembro de 2008

ÚLTIMA NOITE DE QUINTA "RECICLANDO O PARAÍSO "













Na próxima quinta encerraremos a temporada no Espaço Laranja com canjas de Leila Pinheiro e Bárbara Mendes. Meu parceiro Bebeto Alves deve estar no Rio e, se aparecer por lá, também vou chamá-lo pra cantar. 

Obrigado a todo mundo que andou por aqui, em especial a quem deixou suas impressões. Ana Luiza, obrigado pelas fotos. Aproveito para colocar uma delas, com a vocalista Juju Gomes e o guitarrista André Siqueira que ainda não tinham aparecido no blog. 

Hoje não poderei responder a todos comentários, pois se assim fizesse não sairia  da frente do computador e tenho ainda algumas letras para terminar ou, pelo menos, dar continuidade,  mas quero dizer que li o que todo mundo escreveu e fico contente com a visita de vocês. Quem quiser mostrar músicas pode enviar para o e-mail do site, pois algumas pessoas falaram disso e não deixaram endereço. Valeu Renato pelo CD, também visitei seu site,  Camilinha, o baterista da banda é seu conterrâneo, adoro Curitiba, uma das cidades mais organizadas e limpas que conheço.  Valeu Ligia (dear presidenta), foi bom ver você lá. Chegamos a ensaiar, mas não deu pra colocar Quero Pegar no repertório, era muita música. Fizemos Ela não sabe dizer Adeus  no segundo dia  na canja da Chiara Civello que criou uma linda  versão em italiano.  Marco Aurélio, nessa quinta a Bárbara vai cantar a sua preferida.

Hannaly, gostei muito do seu blog, desde o título, os temas, o jeito que você escreve, sua visão crítica das coisas. E também o fato de que você quer estudar música. Se for mesmo fazer isso, comece agora, não espere entrar na faculdade para dar a partida, até porque assim quando chegar na hora do vestibular você terá mais certeza do que quer e já estará mais avançada nos seus conhecimentos. Eu comecei a compor mais ou menos quando tinha a sua idade e preferia ter estudado mais, assim hoje poderia estar regendo ou escrevendo concertos.

Voltando ao show, nessa quinta será a última noite e por isso pensei em fazer um agrado aos freqüentadores do blog. Portanto, quem estiver no Rio e quiser ir, escreva para o e-mail do site (contato), deixe seu nome que o pessoal da produção coloca na lista amiga : não é convite , pois o Hideaway é restrito quanto à isso, mas o ingresso fica mais acessível.  Quem escrever para o e-mail receberá uma resposta com mais detalhes.  

Hoje o Gastão esteve aqui no meu estúdio trabalhando na edição da canção Além do Paraíso, que está  ficando bárbara, com clima cigano,  com acordeon do Bebê e violino do Nicola Krassik, esse um francês que adotou e foi adotado pelo Brasil e pela música brasileira, e que manda muito bem no seu instrumento. Pretendo convidá-lo também para uma participação no DVD.  Falando em Gastão, postei uma foto do show do Milton Nascimento em Ouro Preto, com participações especiais de Wayne Shorter e Ron Carter. Pra quem não sabe, o Gasta também atua com o Milton há uns 5 anos, quando foi gravado o CD Pietá. E quem quiser saber mais sobre  Shorter e Ron, procure no Google, no Youtube, na Wikipedia, há muitas ocorrências, os caras fazem parte da história do jazz dos anos 50 para cá.

Coloquei também uma foto com a Ana no primeiro dia da temporada do Hideaway, porque essa imagem tem uma energia incrível.  Nem vemos o  rosto da Jajá, mas o movimento da sua cabeleira  e a minha cara dizem tudo.  

O Rio começou a primavera com clima de inverno, ou parecendo o outono no Rio Grande do Sul, por isso postei essa imagem de folhas de plátanos da serra gaúcha. Sinto falta das 4 estações, o clima está cada vez mais estranho. Mas não dá pra ficar só lamentando, jogar a toalha. Nem todo mundo tem tempo ou talento pra grandes feitos, mas cada um é responsável pelas coisas do seu dia a dia, em separar o lixo, poupar água, estabelecer relações mais francas e verdadeiras, mas isso será assunto para um novo post. Estou feliz porque o Gabeira cresceu nas pesquisas, pois ele é um cara que tem uma visão mais ampla das coisas, abarca uma noção maior de espaço/tempo e inclui um maior número de variantes nas suas equações políticas. É um homem político no bom sentido do termo.  
Essa é minha opinião pessoal que quis compartilhar com vocês, sem querer fazer a cabeça de ninguém.

Boa semana a todos.
Abraço











quarta-feira, 17 de setembro de 2008

OXIGENAÇÃO, ALONGAMENTO E IMPROVISOS MUSICAIS




Comecei o dia  pedalando, depois fiz uma sessão de Yoga às 8 da matina.   Cheguei em casa pilhado, inspirado e alongado.  Apareceram para o almoço, Bebê, Gastão e Otto (nas 2 primeiras fotos ). Cada um com suas novidades e suas criatividades. Bebê recém chegado de Angola; Gastão que tocou com os mestres Wayne Shorter e Ron Carter no show que Milton Nascimento fez em Ouro Preto no domingo e nos emocionou com seus relatos; Otto com sua faísca permanente, criando versos de toda conversa,  rimando e ritmando. Passamos a música nova dele, cujo nome, aprendi, é Crua. Muito boa, contagiante.  Não chegou a ser um ensaio, mas um mapeamento da música, com muitos improvisos que deverão rolar também no show que faremos amanhã no Espaço Laranja em Laranjeiras (apareça lá Brunna, a temporada continua até dia 25).  Faremos com Otto essa e também Da laia do Lama, que também passamos. Ele aprendeu e ainda levou cola da letra  e CD pra ouvir em casa pra incorporar de vez. A temporada está ficando cada vez melhor e manhã deve ser muito divertido. 

Estou ouvindo agora no rádio um samba do Zeca Pagodinho com a inconfundível flauta do Eduardo Neves que está na foto com sax soprano, instrumento que vai tocar na canja de amanhã. Também devem reaparecer Bárbara Mendes e Chiara Civello que trocou a passagem para ficar mais uns dias no nosso convívio. É, a noite promete!  

Muito obrigado a todos que tem vindo no blog. Anna Luna, também tenho a impressão de estar conversando com quem lê e isso me dá mais motivação de escrever. Fabiana, você tem razão, eu demorei muito pra começar a postar, pois estava meio sem idéia de que ângulo focar a  Câmera.  Depois que dei o start tomei gosto. Não pretendo fazer sempre textos longos, pode ser que escreva coisas curtas, ou escreva uma crônica, um conto, um poema, ou simplesmente uma frase.  

Serjão, não pense que sou um colorado traíra. Apenas sou amante do bom futebol. E o Ronaldinho era (e espero que volte a ser, assim com o Adalto que escreveu de Campinas) um craque quando estava no Grêmio. O Dunga custou a engolir (se é que engoliu) aquele elástico que tomou num Gre-Nal lá no final dos 90.   

Claudia, Lucia, Kate,  Patricia, muito obrigado por seus comentários. Fico feliz que as canções que escrevo façam parte de suas vidas, que lhes tragam boas vibes.  Espero ir em breve a suas cidades, Brasilia, Recife, São Luis.  Titina, aquele show na concha foi muito divertido. O Maranhão tem excelentes compositores, além do meu amigo Zeca Baleiro. Gosto muito do Gerude, um talento que precisava ser melhor revelado para o Brasil e para o mundo. Ana Carolina, acho que Recife não tarda, são muitas pessoas que me escrevem de sua terra e os laços estão cada vez mais fortes, com as parcerias com Dudu Falcão e agora o Otto.    Camilinha,  fui no seu blog.  Muito legal. Você é danada!  Colocou no ar o apelido Jajá  ...  

Hique Gomez, meu amigo de muitos anos também escreveu. Muito obrigado Hiquíssimo por suas palavras e pelo samba lindo que você me enviou por e-mail.  Pra quem não conhece, o Hique Gomez  é um tremendo artista, um homem do mundo, morador de Porto Alegre, que além de seu trabalho autoral,  incorpora o personagem Kraunus Sang que faz dupla com o Maestro Pletiscaya (Nico Nicolayewski)  no espetáculo Tangos e Tragédias que já completa quase 25 anos em cartaz, fazendo sucesso no Brasil, Portugal, Argentina e outros países. Quem ainda não viu que fique atento!  

Na sexta deve rolar outra postagem. Quem estiver no Rio e puder, apareça no show amanhã. Quem fizer fotos, pode colaborar com essa coluna, enviando para a caixa de mensagens do site. Se fizer vídeo e postar no Youtube, por favor nos avise também.

        Abraços a todos.

       

sábado, 13 de setembro de 2008

MÚSICA, MEMÓRIAS E FUTEBOL



Quarta-feira terminei de mixar a canção Ouro com Renato Alsher no estúdio Corredor 5, no Leblon. O Renato é um excelente engenheiro de som que começou sua carreira profissional mais ou menos na mesma época em que comecei a minha, nos anos 80, em Porto Alegre. Sua família tinha um dos poucos estúdios da cidade, a EGER e o Renato já se destacava pelo som que tirava, principalmente quando trabalhava com o grupo Cheiro de Vida, uma banda instrumental da pesada que tinha forte presença na cena local.  Resumindo, Ouro ficou com um sonzaço que poderá ser conferido essa semana na sessão Obra Aberta do site.  E quarta-feira também era dia de jogo da seleção, o que sempre cria uma expectativa em quase todos nós brasileiros. A caminho do estúdio, ouvi no rádio uma declaração do Dunga sobre como a equipe precisava respeitar o time da Bolívia (o que concordo), pois ali todos estavam trabalhando, para ganhar o pão de cada dia (uma frase absurdamente deslocada do contexto) e que os nossos jogadores não poderiam querer resolver tudo de uma vez, que era necessário trabalhar a bola até surgir uma oportunidade ... Ih!!! , já senti no tom dessa conversa um inevitável zero a zero, se não um desastre maior. No intervalo do jogo, o Ronaldinho repetiu a mesma ladainha. Pensei, essa doença pega! Não deu outra: Mais um fiasco da nova Era Dunga.  Pretendo voltar a esse tema, mas lembrei agora que quando o Ronaldinho estava para sair do Grêmio, transferido para o PSG eu fiz uma canção falando dos novos jogadores que deixavam o futebol brasileiro para jogar no exterior. Nessa época fazíamos umas rodas de samba no Carinhoso, um bar da Cidade Baixa, com Ronaldinho no pandeiro ou no tantan.  A canção chama-se Gramado Suplementar e talvez entre no repertório do show Além do Paraíso da semana que vem. Falando nisso, o show dessa semana foi bárbaro! O Bebê, acordeonista, estava viajando e foi substituído por Mará, que também atua com o Moraes Moreira e já integrou o grupo Forrossacana.  Pois o Mará arrebentou, não só pela sua atuação no palco, mas também pela eficiência com que pegou todos arranjos. Ele esteve na minha casa na segunda à noite. Passei as partituras e dois CDs com 18 músicas. Dois dias depois ensaiamos com toda banda e simplesmente passamos o show, sem precisar ficar parando para corrigir detalhes. Algo surpreendente!  Na quinta, o som do Hideaway estava bem melhor que o primeiro dia, o que fez tudo rolar mais redondo. Tivemos três canjas fantásticas, Chiara Civello, italiana radicada em NY, que passa uma temporada aqui no Rio, chegou de surpresa. Ela fez uma versão linda em italiano para a minha música Ela Não Sabe Dizer Adeus. Arrasou! Depois foi a vez de Bárbara Mendes que mandou muito bem em Amores Possíveis. Já a tinha visto cantar essa música no show de lançamento do disco que ela fez com Paula Santoro e João Nabuco com repertório todo escrito pelo João, mas na noite de quinta, ela estava ainda mais solta e fez um lindo solo no final da música. Quase fechando a noite, subiu o Jorge Vercillo, com quem comecei uma parceria recentemente.  Não chegamos a cantar nossa canção, porque ainda precisamos dar uns ajustes na letra.  Mandamos Eu Que Não Sei Quase Nada do Mar, dele com Ana Carolina feita especialmente para Maria Bethânia. Essa música é linda e fizemos um arranjo com citação,  no violão e acordeon, de Merceditas, um clássico chamamé argentino. Depois cantamos Ouro com solo vocal mourisco do Jorge. Muito bom!!!  Na platéia havia muitos músicos, o que nos fez tocar ainda mais atentos e animados. Aliás, o público  foi um espetáculo a parte, dançando e cantando junto as canções conhecidas e até mesmo os novos refrões que iam aprendendo na hora. No dia seguinte recebi diversos telefonemas e e-mails que me deixaram muito contente, entre eles um do baixista André Vasconcellos que vai me enviar músicas para letrar e outro do guitarrista Mark Lambert que curtiu muito as canções e o acento rock da banda. Por falar em telefonema, o Gastão viajou cedo na sexta pra Belo Horizonte pra ensaiar um show que Milton Nascimento fará com Wayne Shorter nesse domingo em Ouro Preto. E me ligou do ensaio deixando ouvir um pouco do clima que estava rolando. Sensacional! Isso fez lembrar o Native Dancer, um dos melhores discos da história, que reuniu Shorter e Milton nos anos 70 e que ajudou a consagrar o Bituca no exterior. É bem possível que a gente viaje amanhã pra ver esse show de perto. E semana que vem retomamos Além do Paraíso nas Noites de Quinta da Hideaway  com o fantástico Bebê, de volta no acordeon, e canjas de Otto e Eduardo Neves. O Otto esteve aqui em casa e deixou uma música linda que já tirei no violão e passei por e-mail pra banda. Vamos cantar essa e talvez Da Laia do Lama. O Edu que já tocou tantas vezes comigo deverá entrar no set de sambas e ainda fazer o solo de Ouro no sax soprano. Isso tudo vai ser bom demaisss!!!!
Na foto acima, meu parça Mombaça que foi na camarim pro abraço com Vercillo,  Chiara e Bárbara.  No alto, Ronaldinho tocando tantan.  Torço pra que ele volte a brilhar nos campos!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008



Começamos a temporada de Além do Paraíso na quinta-feira, dia 4.  A banda tá soando muito bem.  No topo,  uma imagem  dessa trinca de responsa, Bebê, Endrigo e Gastão durante um ensaio no estúdio Floresta.  Ana Carolina apareceu na estréia e deu canja. É sempre bom recebê-la, além de cantar muito, a Jajá injeta ainda mais alegria no ambiente.  Sexta continuei com gravações e à noite recebi algumas visitas, Chiara Civello, uma cantora e compositora italiana fantástica e mais tarde ainda chegaram Dudu Falcão, Daniel Jobin, Jorge Vercillo, Ana Carolina, Gabriel Grossi e Alessandro Kramer, o Bebê, acordeonista sinistraço que está no show comigo.  Dudu mostrou diversas canções novas que soaram muito bem com acordeon e harmônica. De quebra o Daniel colocou o DNA Jobiniano no piano de casa. Coisa pouca que durou até quase nascer o sol. Apesar do cansaço, sábado à noite ainda rolou um sarau precioso na minha casa, uma sonzeira que durou até 6 da matina. Domingo à noite gravei a voz da canção Ouro, a Ana dirigiu e ainda fez backing vocals, olha só que luxo. Isso fez lembrar um disco do Quincy Jones que tinha backings de Stevie Wonder e Mariah Carey.  Hoje passo uma parte do dia mixando. As 17 h faço um chat das 5 na MPB FM. Pra quem mora no Rio e arredores é só sintonizar nos 90.3 do dial. Pra quem estiver longe e quiser participar via internet é só acessar o portal www.mpbfm.com.br e entrar no  papo virtual. À noite vou ensaiar com o Mará, acordeonista do grupo Forrossacana. Nessa quinta ele vai substituir o Bebê, que viaja pra Angola com o Gabriel Grossi.  Vai ser bem legal, pois além de acordeon o Mará também toca Cello, por isso poderemos aproveitar alguns arranjos do disco Sinal dos Tempos. É bom receber outros músicos e testar outros formatos , pois esses shows são para conceber o DVD que vamos gravar em breve. Por falar nisso, essa semana o show vai ter canjas de Bárbara Mendes e Jorge Vercillo. 
Obrigado a quem tem acessado o site, em especial aos que enviaram seus comentários no blog. Paac, apareça no show, sim. Carlos, espero em breve voltar a Salvador. Adoro cantar na sua cidade e de quebra mandar um acarajé da Dinha. Lucy, também espero aparecer logo logo em Recife. Deve rolar um show em Noronha. Fique ligada na agenda do site. 
Abração. Boa semana a todos.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008


Voltando aos  discos novos, no site já se podem ouvir algumas canções, a inédita Prima do Ciúme, uma regravação de Sinais de Fogo que fiz para uma novela e que deve entrar como faixa bônus, assim como Garganta e um samba chamado Istancov em duas versões, que não sei se farão parte do disco físico ou apenas em versão para down load. Por enquanto todas as faixas estão disponíveis apenas para ouvir. Na semana que vem vou disponibilizar Ouro (parceria com Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves e Jorge Mautner) e Além do Paraíso, música que dá título ao novo show. Do disco que estou fazendo com Don Grusin ainda não estamos disponibilizando nada. Em janeiro o Don vem ao Brasil para concluirmos o álbum. Algumas faixas já estão bem adiantadas e bem bonitas. Uma delas, Last Train foi feita em homenagem ao Milton Nascimento. O Bituca já ouviu num show e adorou a canção. Por isso anexei essa foto onde ele é todo sorrisos com a homenagem.  



Depois de muitos meses, estou estreando esse blog. O nome, A Câmera que Filma os Dias, vem do título de uma música feita em parceria com Ana Carolina que estava no segundo disco da minha querida amiga mineira. A música ficou esquecida entre tantas parcerias que fizemos, mas o nome, que foi i∂éia dela é bonito, por isso quis recuperá-lo pra falar, aqui no blog, dos projetos que venho desenvolvendo.

Muitas coisas, muitas coisas! Por isso também a demora em começar a postar. Um disco com o Don Grusin,  a trilha de um filme, o meu novo disco de inéditas e muitas encomendas de músicas para artistas do Brasil e de outros países.

Nessa quinta estréio novo show, Além do Paraíso, no Espaço Laranja do Hideaway, em Laranjeiras com um banda superbacana, com uma sonoridade um pouco diferente, com acordeon, guitarra, violões, baixo, bateria e cavaquinho. Os detalhes estão na agenda do site www.antoniovilleroy.com .

O Espaço Laranja é um lugar muito legal onde se pode dançar antes, durante e depois do show. A Preta Gil ficou alguns meses em cartaz lá e as Noites de Quinta eram bem animadas.

Devem rolar algumas canjas durante a temporada que se estenderá por todas as quintas de setembro.

Devem passar por lá o Jorge Vercilo, a Luiza Possi, o Otto, a Leila Pinheiro e talvez o Yamandu, entre outros amigos músicos.

Amanhã eu devo postar algumas fotos dos ensaios.