ESFINGE EM CHAMAS

A Pedra da Gávea, situada entre os bairros de São Conrado e Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, é o maior bloco de pedra situado à beira mar existente no planeta. Constituído de gnaisse com topo de granito, o monolito atinge 842 m acima do nível do mar.

Há inúmeras histórias, lendas e especulações científicas e esotéricas a seu respeito.

A primeira vez que a vi foi no filme O Diamante Cor de Rosa, que tinha Roberto Carlos como protagonista. As tomadas em sobrevôo de helicópteros deixavam  evidentes os traços de um rosto esculpido na rocha.  Fala-se que esse rosto não seria obra do acaso, mas sim de mãos fenícias que  teriam talhado ali uma esfinge representando o rei Badezir que teria vindo com seus filhos e um grande séquito por volta de 850 A.C.

É incrível que a mesma face é encontrada um pouco menor no lado sudeste da pedra, como se vê na foto abaixo.

Certa vez, fui comemorar o aniversário de um amigo, Fred, na Pedra Bonita, que é a montanha localizada justamente em frente ao rosto da esfinge. Um pouco mais baixa que a Pedra da Gávea,  a Bonita tem um primeiro patamar que serve de base para os saltos de paraglider e asa delta. Entrando no mato, à direita, encontra-se uma trilha que, em mais ou menos 20 minutos,  leva ao seu topo.

No dia do aniversário de Fred, que na época era cunhado de Evandro Mesquita (não sei se ainda é, perdi  contato), por volta de 19:00, munidos de lanternas, subimos em um grupo de 8 pessoas. Estendemos toalhas e preparamos uma ceia com frutas, pães, queijos, tortas e vinho. Aos poucos foram chegando mais amigos, trazendo mais alegria e coisinhas para degustar. Acho que por volta de 11 da noite éramos umas 30 pessoas.   Foi uma noite muito especial. Uma menina falava textos de Clarice Linspector, enquanto um ator bailarino fazia movimentos ao som dos violões. Rolou muita música, poesia,  namoros e conversas sobre os mistérios do Rio. Um amigo, que reencontrei anos depois no mercado de Canden Town, em Londres, mostrou-me um local onde havia 7 círculos concêntricos  levemente luminosos (como que fosforescentes) entranhados na rocha. Outra vez que estive no mesmo local durante o dia não os avistei. 

Durante a madrugada, pouco a pouco, algumas pessoas iam descendo em pequenos grupos. Fred, eu e mais 4 pessoas acabamos dormindo ao relento sobre a pedra. Quando acordei, tomei um susto, vendo aquele enorme rosto esfíngico me olhando de frente.

 

Por essa época, comecei a frequentar a Sociedade Brasileira de Eubiose, uma escola iniciática  que estuda e congrega filosofias e conhecimentos ocidentais e orientais,  alquimia, mitologia, taoísmo, teosofia, budhismo, hinduísmo, cristianismo, etc.

Lá aprendi muitas coisas, entre elas novas noções da Gênese, que se assemelham bem mais com as teorias da física moderna, dos buracos negros e big bangs, do que com as interpretações apressadas feitas a partir do Antigo Testamento. Coisas que hoje com a física quântica perderam sua aura de mero misticismo e já podem ser interpretadas à luz da ciência. Aprendi também mais sobre mim e sobre o papel que podemos desempenhar  na sociedade, com mais solidariedade, fraternidade e amor.

Segundo a Eubiose e também segundo alguns pesquisadores, as ranhuras existentes no topo da Pedra da Gávea não são somente mera ação do tempo e sim inscrições feitas pelos fenícios, quando da sua chegada ao Brasil.  Essas inscrições chamaram a atenção da corte portuguesa no sec. XIX. 

Em 1963 o arqueologista e professor Bernardo A. Silva traduziu as inscrições:

LAABHTEJ BAR RIZDAB NAISINEOF RUZT

 Lidas de trás para a frente:

 TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL

Tyro Phoenicia, Badezir primogênito de Jethbaal

Em 856 AC Badezir assumiu o lugar de seu pai no trono real de TYRO. 

Segundo a Eubiose,  Badezir teria sido vítima de um golpe de estado posto em prática por seu irmão e teria navegado até o Brasil com um casal de filhos gêmeos, um sacerdote e parte de sua corte, composta também de alguns soldados fiéis. Como se sabe, os fenícios eram grandes navegadores e não seria, portanto, de se admiriar que chegassem até nosso continente. Segundo algumas fontes, os fenícios teriam miscigenado com índios brasileiros dando origem às tribos tupis guaranis e o nome Brasil seria, antes uma corruptela de Badezir do que uma referência ao pau de cor brasina.  Isso já me parece demais!!! 

Recentemente li que dois mergulhadores chegaram pelo  mar a uma galeria encontrada na parte sudeste da pedra.  Diz-se que nesse local, foram encontradas, no século passado (ou XIX), as múmias desse casal de filhos de Badezir e que esses fatos nunca foram esclarecidos para não macular as versões oficiais do descobrimento do Brasil.

Quem se interessar pelo assunto encontrará muito material disponível na internet sobre os mistérios envolvendo a Pedra da Gávea. O link abaixo me pareceu a omais completo, apresentando pontos de vista antagônicos sobre o tema.

http://www.almacarioca.com.br/hist02.htm

No dia 7 de setembro, fui com minha amiga Chiara até  o Recreio a convite de Maria Gadu pra conhecer um grupo de novos compositores e poetas.  Gostei muito da turma, boas músicas com letras criativas que eles cantavam em uníssono acompanhados de violao.  Soou meio mântrico e sugeri que fizessem um disco nesse formato

Quando estávamos a caminho, vimos a Pedra da Gávea em chamas. Uma visão dolorosa, quase aterradora. Fiquei pensando no significado da pedra de Badezir incendiando em plena noite de comemoração da Independência do Brasil. Essa esfinge ainda não foi decifrada.

 

Bom fim de semana a todos.