quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FILME, SHOWS, MULHERES E LIVROS INTERESSANTES




PARTE I 





Hoje tem Sessão de Gala de Sonhos Roubados no Cine Odeon, com direito a festinha depois. Vai ser a primeira vez que verei o filme em tela grande, com o som mixado. A música que compusemos, João Nabuco, Eugenio Dale e eu, abre e fecha o filme.

Dirigido por Sandra Werneck, Sonhos Roubados é baseado no livro As Meninas da Esquina, de Eliane Trindade, e conta a história de três garotas da periferia do Rio de Janeiro, vividas pelas atrizes Nanda Costa, Amanda Diniz e Kika Farias. Completam  o elenco Marieta Severo, Daniel Dantas, Ângelo Antonio, Zezeh Barbosa e MV Bill.

Depois de haver acompanhado por um ano a vida de adolescentes grávidas no documentário "Meninas", a diretora Sandra Werneck, que já deixara sua assinatura em Cazuza , Amores Possíveis e Pequeno Dicionário Amoroso,  voltou ao tema da juventude conturbada na periferia das cidades grandes, mostrando a dura realidade de famílias desorganizadas, onde muitas vezes as adolescentes são vítimas de violência doméstica e engravidam precocemente sem muitas oportunidades de melhorarem suas vidas. As três meninas nos papéis principais dão muito bem conta do recado.

Algumas semanas atrás, numa festa da Globo, conheci Nanda Costa, que faz a protagonista e agora está atuando na novela Viver a Vida.  Ela tem um grande talento e carisma, além de ser divertida e dançar muito bem todos os gêneros que tocam na pista, o funk, o samba, a salsa e a  música pop de um modo geral.  Ainda vai dar muito o que falar! Anotem aí.



O show do Projeto Bratuques realizado ontem na Sala Baden Powell foi bárbaro. Banda afiadíssima e Marco Lobo mandando muito bem na linha de frente, tiveram como convidados Toninho Horta, Ná Ozzetti e Alessandro Kramer Bebê (já muito falado nessas páginas).  Ná mandou bem cantando parte do repertório de seu novo disco dedicado a Carmem Miranda. Bebê arrasou nos solos improvisados e melodias. Toninho Horta, mais uma vez, foi extraordinário! 

Para quem ainda não sabe, Toninho tem sido uma de minhas maiores influências musicais. Foi ouvindo sua música Beijo Partido, na voz de Milton Nascimento que, aos 14 anos de idade, resolvi dedicar-me à arte de compor. Depois passei a tirar suas músicas, tarefa nada fácil devido à complexidade harmonica e a sofisticação de seu violão. Ele é um dos grandes do mundo, uma referência para os maiores músicos do planeta. Não há quem não o mencione nos EUA, Europa e Ásia.

 




Houve um ano em que eu estava em tournee pela Europa e em toda cidade que passava, alguém me dizia: quem esteve aqui há uma semana atrás foi Toninho Horta. E assim foi sucessivamente acontecendo em cidades da Italia, Áustria, Alemanha e Inglaterra. Eu sempre me apresentava nos lugares uma semana após a passagem de Toninho pelo mesmo lugar. Uma coincidência bem significativa (sincronicidade?), tendo em conta a importância que ele teve e tem pra mim como músico. Dava-me a sensação de que estava fazendo a coisa certa. Quando cheguei na França ganhei um disco de uma cantora belga. Ao ouvir, identifiquei em 2 faixas um violão muito familiar e sofisticado. Achei que se não fosse o Toninho deveria ser um clone, fui olhar a ficha técnica e era ele. Não é qualquer violonista que tem uma marca pessoal tão forte a ponto de ter seu toque reconhecido no meio de uma música tão complexa em instrumentação.

Alguns anos depois estava na ilha de Maui no Hawaii e ao entrar numa casa de shows chamada Casanova pensei: Ah aqui em Maui o Toninho não esteve. Logo depois vi numa parade um poster seu com uma dedicatória assinada que dizia mais ou menos assim: To my brothers of Casanova with friendship, Toninho Horta.  

Mais uma passagem de tempo e finalmente o encontrei em Los Angeles durante a cerimônia do Grammy Latino onde contei-lhe toda essa aventura. Quem quiser saber mais desse grande músico seguem os links:


http://www.toninhohorta.art.br   

http://www.myspace.com/toninhohorta

www.myspace.com/naozzetti

http://www.alessandrokramer.com.br

 


 

Saí da Baden Powell e fui com Bebê, ao Zozo, nova casa de espetáculos localizada ao lado do bondinho do Pão de Açúcar pegar o ultimo set do show de Hamilton de Holanda

Hamilton é outro gênio!  Nascido em 1977, no Rio, no bairro de São Cristóvão, mudou-se com a família para a Capital Federal no ano de seu primeiro aniversário.  Sua primeira apresentação foi aos 3 anos de idade tocando escaleta com seu pai e seu irmão no Clube do Choro de Brasília.  Com seis anos fez seu primeiro show tocando bandolim.  Tendo também estudado violino e violão, fez sua primeira música, Chorinho pra Pernambuco, aos 10 anos de idade. Também se dedicou a outros gêneros musicais, tendo formado na adolescência um grupo de rock chamado Os Entregadores de Pizza. Depois estudou Composição na Universidade de Brasília, escrevendo ao final do curso um Concerto para Bandolim e Orquestra. De lá prá cá tornou-se um dos mais importantes nomes da moderna música instrumental brasileira, realizando importantes tournês nos quatro cantos do mundo.

mais infos: http://www.hamiltondeholanda.com


Quando chegamos ao Zozo, Mariana Ximenes que, muito querida, me falou também gostar de saraus, estava declamando poemas ao som do bandolim de Hamilton. No seu repertório, pérolas de Ferreira Gullar, Cecília Meirelles, Pablo Neruda e Manoel de Barros, de quem ficou a frase: Não saio de dentro de mim nem pra pescar .

Depois a banda voltou com Daniel Santiago (outra figurinha que está sempre no foco da nossa “Câmera”) , Gabriel Grossi (idem), Bruno Aguilar no baixo e o paulista Alex Buck na bateria, fazendo um  repertório bem brasileiro, incluindo temas de Hermeto Paschoal (que teve canja espetacular do Bebê no acordeão).  



Então Hamilton chamou Mariene de Castro, que estava na platéia pra dar uma canja cantando Dorival Caimmy. Que voz que ela tem! Estrela na Bahia, Mariene ainda não é muito conhecida nos lados de cá. Veio recentemente a convite de Beth Carvalho participar da gravação do DVD da madrinha do samba e, segundo dizem, arrasou. Procurem se informar, porque cantando samba de roda não tem pra ninguém. Mariene é filha de Oxum e linda como sua mãe Orixá, vestida em tons dourados que lhe caem muito bem, com uma presença sensual no palco e uma voz grave e ao mesmo tempo muito feminina. Essa moça é realmente um encanto. Nos conhecemos há uns 4 anos atrás, quando ela ainda era casada com meu parceiro, o compositor Jota Veloso, filho de Mabel Veloso que vem a ser irmã de Caetano e Bethânia. É de Jota a música Santo Antonio que abre o disco Brasileirinho de sua tia Maria.  Em 2006, Mariene chamou-me pra participar de seu show em Salvador no dia 2 de fevereiro, dia de Yemanjá. Cantamos Garganta e outras cositas más. Foi muito bom reencontrá-la ontem. Hoje voltou pra Bahia mas sua presenca inspiradora ficou guardada no meu coração.

http://www.marienedecastro.com.br

Semana que vem o Bratuques segue com Jorge Vercilo e Torquato Mariano, dia 13 com Milton Nascimento e dia 20 faço minha apresentação com Artur Maia.  Ah! Preciso esclarecer uma coisa. Não vai dar pra cantar 30 canções, como rolou em São Paulo, pois nesse projeto faço uma participação no show de Marco Lobo, onde cada  convidado faz 4 músicas. Nem sei se lanço aqui a idéia de se elegerem as 4 músicas através do blog, pois como o Bebê também vai participar é certo que faremos pelo menos uma milonga, ou El Guión (ai ai ai) ou Velas Pra Todos Os santos. Que outras 3 deveriam rolar?


PARTE II



No dia em que participei do show do Lokua Kanza encontrei Tamy, uma cantora capixaba de quem falarei outro dia, que tem um disco muito bacana, bem produzido e com músicas próprias.  Ela apresentou-me  Dani Ramiris uma antropóloga que, aos 16 anos, após de ler O Ser e o Nada de Jean Paul Sartre, saiu de casa e foi para Bélgica num daqueles intercâmbios de estudo. Não voltou mais. Formou-se em Antropologia e saiu pelo mundo, a colocar sua lente sobre o tecido de outras culturas,  no Camboja, Tailândia, Índia, Laos, Nepal e Cashimira, entre outros países. Retornou a Europa para dar sequência aos seus estudos, fazendo mestrado em Antropologia Social na cidade de Coimbra. Há três anos voltou a morar no Brasil e agora trabalha como Coordenadora de Responsabiliddade Social da Transpetro, viajando todo país para  prestar assistência em mais de 60 comunidades.

Após  o show fomos jantar e aproveitei pra aprender um pouco mais sobre a sua especialidade. Ela falou-me muito de um cara chamado Cifford Geertz de quem me aconselhou o livro A Interpretação das Culturas, onde seu autor liberta-se do estruturalismo de Claude Lewis Strauss para ir em busca dos significados defendendo um conceito essencialmente semiótico de cultura.

Como Max Weber, Geertz acredita que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu e que compõem a sua cultura, cuja análise é realizada de forma intepretativa.

Agora, Dani me fala que seu novo mentor intelectual é  James Fernandez  (Jim Fernandez no meio antropológico), que justamente mescla o estruturalismo de Lewis Strauss com o método de interpretação de Geertz aplicado às  teias de cultura. Esse é para mim um universo ainda a descobrir. Estou dando os primeiros passos lendo esse livro recém recomendado, pesquisando na internet e dialogando com Dani, que tem sido paciente em introduzir-me nesse mundo novo.

Mas que mais admiro em Dani Ramiris é sua coragem e determinação de ganhar mundo sozinha, de forma independente. Vê-se em sua voz um quê de mulher madura, resolvida, apesar de contar com apenas 25 anos. Uma pessoa assim me fascina.  

Isso me fez pensar na companheira de existência (e de existencialismo) do já citado Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir,  que dedicou volumosas e significativas páginas e atitudes em favor da emancipação das mulheres. O seu livro O Segundo Sexo, lançado em 1949, foi referência para as feministas e parmanece uma leitura importante nos dias de hoje. Foi em boa parte graças a ela que as mulheres comecaram a tomar o lugar de destaque que  ocupam na sociedade ocidental contemporânea. A sua argumentação cuidadosa e as referências bem situadas garantem a força textual desse livro até nossa atualidade. Segue um trechinho onde muita gente corre o risco de se reconhecer:

A mulher está às voltas com uma realidade mágica [...]. Em vez de assumir sua existência, contempla o céu ,a pura ideia de seu destino; em vez de agir, ergue sua estátua no imaginário; em vez de raciocinar, sonha."

Quem quiser obter mais informações sobre existencialismo, ainda que superficialmente, a Wikipedia dá de mão beijada a sua definição, autores principais, fontes de inspiração e frases conceituais, entre outros conhecimentos.  Eu particularmente sirvo-me de alguns conceitos, resolvo alguns probemas mas não  balizo mais minha vida pela ótica existencialista. É uma boa forma de conhecimento e, por influência de Ramiris até comprei a versão orginal de L'être et le nèant.

Em tempo, o livro A Interpretação das Culturas, me foi presenteado pela bloggeira Juliana Presto na última sexta depois do show no Café Paon, em São Paulo.  Obrigado Juliana.



Tenho que sair agora, mas vou continuar amanhã falando de mulheres e livros interessantes, começando pelo inteligente e divertido  Como montar uma mulher-bomba, da escritora, jornalista e professora de comunicação Luciana Pessanha, que conheci na casa de meu amigo Francisco Bosco (outra figura constante aqui nessas páginas) no primeiro dia de 2009.

Até mais tarde.

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Nesse começo de quinta-feira, querendo buscar subsídios pra enriquecer meu texto, procurei em vão o livro de Luciana. Desde a descupinização, ocorrida meses atrás,  ainda não arrumei minha estante  e, todo dia, Cristina, minha fiel funcionária, repõe os livros que separei na mesma falta de ordem em que já se encontravam anteriormente. 

Já que não achei o livro e que dormi poucas horas vou avivar meus pensamentos falando um pouco da autora.  Luciana está seguidamente viajando, pro Caribe, pra Colômbia, pra conchinchina, contratada por alguma revista para cobrir acontecimentos , examinar potenciais turísticos ou simplesmente  criar uma crônica a respeito desses lugares. Essa sua mobilidade a deixa com o olhar mais  aberto, as antenas ligadas e a escrita enriquecida. 

Há uns meses atrás, fez,  para O Globo, uma entrevista  interessante com Mauro Lima, diretor de Meu Nome Não É Johnny, sobre o novo projeto do cineasta que inclui uma pesquisa sobre as ramificações do tráfico de drogas no mundo, onde revelam-se as atuações criminosas da Cia e de políticos dos EUA, Brasil e outras Américas.  Sua capacidade de extrair informações inovadas confirmou-se  em um bate papo com Caetano Veloso que foi publicado no mesmo jornal, na época do lançamento de Zi e Zie.

Em suas aulas na Puc incita os alunos a criarem roteiros, impondo dificuldades temáticas e estéticas: restringe o uso de reticências e exclamações, pede economia nos adjetivos e advérbios e os textos, assim, vão ficando mais leves.

Essas qualidades literárias são reconhecíveis nos livros que Lu escreve. Essa sua qualificação a levou a ser recentemente sondada para atuar como ghost writer de uma celebridade, que por motivos éticos ela não quis me revelar o nome. Pra quem não sabe o que é um ghost writer, recomendo o livro Budapeste de Chico Buarque, que conta a história de um sujeito que empresta suas idéias e sua pena (quer dizer, o seu lap top) a um escritor de fachada.

Voltando ao nosso assunto, Como montar uma mulher-bomba é , como diz o subtítulo, um manual prático para terroristas emocionais. Na nota de abertura do livro, os leitores são informados de que o conteúdo que irão examinar fora elaborado por uma sumidade do mundo da semiótica, que não queria ver seu nome associado a um tratado tão mundano e perigosamente explosivo. 

Com esse inteligente álibi, a autora discorre nas páginas seguintes sobre essa terrível arte da detonação do sexo feminino. Em cada um dos onze capítulos ela conta um episódio diferente, incluindo um dedicado a Medéia, a mulher bomba arquetípica, neta do Sol por parte de pai. 

Ao final do livro, encontramos um posfácio interessantíssimo (sic) onde muita coisa se revela e onde se confirmam as habilidades criativas da escritora. Mais não posso falar, mas adianto que é um livro fácil de se encontrar nessas lojas como Argumento, Letras e Expressões e Travessa

No dia em que adquiri o meu, simplesmente solicitei numa livraria:  - vocês tem aquele livro da mulher bomba? e sem perguntar o nome do autor ou editora, a moça me trouxe um exemplar. Peguei um vôo pra São Paulo e rapidamente devorei o livro, tão saborosa é sua leitura.

Antes do manual explosivo, Luciana já tinha publicado um livro de contos chamado Ao Vivo, um livro de culinária,  Receita Carioca, elaborado especialmente para o restaurante Gula Gula, do Rio e O Transponível Super Empty, uma genial história ilustrada feita em parceria  José Carlos Lollo.

E assim vos deixo com essas inúmeras possibilidades musicais e de leitura. Boa pesquisa e boa diversão a todos. 

Abraços

PS. O filme foi um sucesso e a música bateu direto no coração do público.  Na festa que rolou depois no Cais do Oriente muita gente perguntava onde encontrar, enquanto o DJ a fazia rodar nas suas pick ups.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ALÉM DO PARAÍSO, RECOMEÇO



                                             Show solo em Munique fev 2009



ALÉM DO PARAÍSO SOLO  em  SÃO PAULO

Participação Especial MAX DE CASTRO
Dia 25 de Setembro, sexta feira, às 23:00h


Como já havia comentado no post anterior, amanhã, sexta 25, faço show solo em Sampa, no Café Paon, com participação especial de Max de Castro. Essa é uma versão de voz e violão do show Além do Paraíso, que apresentei com banda no ano passado no Rio, São Paulo e Porto Alegre.

No começo desse ano fiz uma tour por algumas cidades da Europa no formato solo com convidados.  Nessa viagem comecei uma nova safra de músicas que foram pedindo seu lugar no disco novo e desbancando algumas que já estava até com a base pronta. Resultado: o disco tomou outro rumo e o show também. 

Por isso gosto de fazer esse show assim mais intimista, pois dá pra bater uma bola com a platéia e testar o repertório. Há algumas canções fixas no roteiro, mas nada impede que atenda a pedidos e coloque outras inesperadas.

Entre as garantidas, vão rolar alguns hits como Sinal dos Tempos, Pra Rua Me levar, Una Loca Tempestad, Aqui, Sinais de Fogo e Garganta.  Das novas que já estão rolando em novelas e internet, Além do Paraíso, Heroína e Vilã e Ouro. Das inéditas,  El Guión e Recomeço.

Já tive mais de 100 canções gravadas por diferentes intérpretes, como Ana Carolina (24 músicas), Maria Bethânia, Gal Costa, Ivan Lins, Mart'nália, Luciana Mello, Luíza Possi, Moska, Paula Lima, Preta Gil, Seu Jorge, Eliana Printes, Ednardo e Belchior (em duo), Sandy e Junior, Wanessa Camargo, Marina Elali e até o Belo, entre outros.

Algumas dessas músicas estão listadas na sessão Obra do meu site 
http://www.antoniovilleroy.com


Sugiro que quem for ao show em Sampa  dê uma olhada nessa lista e pense nas suas favoritas. Não lembro de todas elas pois faz tempo que não toco, mas se for sugerido antecipadamente aqui pelo Blog pode ser que dê tempo de preparar até amanhã. No show já vai rolar uma interatividade. Podemos começá-la por aqui.



Café Paon / Avenida Pavão, 950. Moema, São Paulo.   Fones :55.31.56.33 / 55.33.51.00

Ingressos:  Setor Verde: R$ 30,00                                  Setor Azul e Camarote B: R$ 50,00     Camarote A e Mezanino: R$ 70,00



Esse é o start de minha volta aos palcos,  antes mesmo da saída do disco. Aliás tenho muitas novidades a esse respeito mas estou me controlando pra não falar nada por enquanto. Por favor, colaborem e não me deixem cair em tentação.

Não sei se terei tempo de escrever novamente até sábado, masi provável que não. Deixo pra vocês esse joguinho de interatividade do repertório do show, que até mesmo quem não for paulista pode participar, afinal em breve devo passar por outras cidades.

Estou com outros dois assuntos em mente, um sobre livros e outro sobre civilidade que em breve estarão aqui nessas páginas.

Obrigado 
Abs


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Falando de Música



Segunda, 21 de Setembro

14:43 . Esse vai ser daqueles posts feito aos poucos. Estamos entrando na primavera. Que beleza! Meus amigos do hemisfério norte preparam-se para o frio. Hoje tô correndo com as coisas do meu selo, pra lançar em novembro os discos de  Márcio FaracoJesse Harris e Gelson Oliveira.





Dei essa primeira entrada rápida aqui pra poder falar do projeto Bratuques na Sala Baden Powell, onde  Marco Lobo acompanhado por uma banda excelente e receberá 2 convidados especiais a cada dia. Seguem os dados:

Marco Lobo (percussão),  Erivelton Silva (bateria),  Gastão Villeroy  (baixo),  Kiko Continentino (teclados e piano), Widor Santiago (sax e flauta).

O projeto estréia amanhã (terca,22) com Luiz Brasil e João Bosco.

Marco Lobo é um dos músicos mais solicitados da MPB. Já atuou com Elba RamalhoMarisa MonteIvan LinsMaria BethâniaLenineAna CarolinaJoão BoscoGilberto Gil, TitãsMilton Nascimento, Caetano Veloso e Vanessa da Mata,entre outros. Lançou há dois anos seu primeiro disco Aláfia, com grande repercussão e está em vias de lançar o segundo, com produção de Gastão Villeroy, para om selo Delira Música,  ainda esse ano. Atualmente também integra o grupo de Billy Cobham um dos mais importantes bateristas do mundo.

Mais detalhes em:

http://www.marcolobo.com




João Bosco não carece de apresentações, mesmo assim é bom lembrar que congrega a sofisticação de uma harmonia rica (sua mão esquerda)  com uma escola de samba muito bem cadenciada (sua mão direita) fazendo uma cama perfeita pra  sua voz bem timbrada  suingar livremente trazendo inovação ao melhor da música brasileira. É clara a sua contribuição, o lugar que ocupa como referência com essa escola de violão e canto que ele criou. E como se não bastasse sua inventividade como intérprete, ainda concebeu, só ou com parceiros comoVinícius de MoraesFrancisco Bosco e , principalmente Aldir Blanc, algumas das mais belas e significativas canções de nossos tempos.    É importante dizer também que está lançando um novo e excelente disco que tive a oportunidade de ouvir ainda antes da masterização, quando o seu filho, o escritor, compositor e ensaísta, Francisco Bosco me mostrou há uns 2 meses atrás.

detalhes em 

http://www.joaobosco.com.br



No meio musical Luiz Brasil também não precisa ser introduzido, pois, como disse Caetano Veloso,  é um dos mais brilhantes instrumentistas de nossa música. Para quem não o conhece, é violonista e guitarrista, compositor, produtor e arranjador, reponsável pela produção e arranjos de dois importantes discos de Cássia Eller, Com Você Meu Mundo Ficaria Completo (1999) e Acústico MTV (2001). 

Acompanhou Caetano Veloso, de quem por dez anos foi músico, arranjador e produtor, Atuou também com Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Fernanda Abreu, Nando Reis, Luciano Pavaroti, Riuychi Sakamoto, Elza Soares e Zé Miguel Wisnick, entre outros. Seu primeiro disco solo Brasileru é musicalmente muito rico. Ele também desenvolve um projeto junto com a cantora Jussara Silveira com quem já lançou em duo o CD Nobreza. Seguidamente fazemos alguma coisa juntos, em shows em Salvador e também compondo em  parceria. Além disso joga muito frisbe e ping pong, É muito difícil batê-lo no tênis de mesa, mas isso é outra história. 

http://www.luizbrasil.com.br

             

              BRATUQUES 

22/09 – João Bosco & Luiz Brasil

29/09 – Ná Ozzetti & Toninho Horta

06/10 – Jorge Vercilo & Torcuato Mariano

13/10 – Milton Nascimento

20/10 – Antônio Villeroy & Artur Maia

27/10 – Maria Gadu & Gabriel Grossi

03/11 – Moraes Moreira & Armandinho

10/11 – Rita Ribeiro & Carlos Malta

17/11 – Chico César & Gisbranco

24/11 – Margareth Menezes & Saul Barbosa

Sala Municipal Baden Powell – Av. N.Sra. Copacabana, 360

Informações: 2262-2581 / 2215-5172 (de 2ª a 6ª, de 10 às 18


Saindo correndo da Universal, indo pra Microservice e depois pro bureau LA, pra ver as capas.

Até mais tarde.




                               John Axson Ellis (sax)


Terça, 22 de setembro. 

O sol ensaia uma saída e as nuvens voltam a cobrí-lo. Hoje será um dia longo e cheio de coisas a resolver e realizar. 

Ontem estava voltando da Barra e caia o maior toró no Rio de Janeiro. As ruas estavam muito alagadas. Vim pela Niemeyer e no caminho recebi um telefonema do Daniel Santiago chamando pra ver um show de música instrumental no Humaitá de um grupo liderado por Leonardo Cioglia, um baixista brasileiro radicado em Nova Yorque. Lá soube que ele já havia trabalhado com Chiara Civello em alguns shows nos EUA. Mundo pequeno. O pianista, Aaron Goldberg, já tinha namorado com uma grande amiga minha. Mundo ainda menor. 

Mas quem mais me chamou  a atenção foi o saxofonista, John Axson Ellis,  que fez um improviso assombroso apenas em cima da sessão ritmica, sem harmonia, levando a música pra outro espaço/tempo. Completavam o grupo, Mike Moreno, um guitarrista igualmente genial e um baterista,   Davi Friedman que segurava bem a onda e que foi auxiliado em dois temas por Joca Perpignan na percussão. 


                    Gabriel Grossi


Na platéia, boa parte dos melhores músicos do Rio, entre eles, o gaitista Gabriel Grossi que deu uma canja e fez um dos melhores solos da noite. Depois os gringos quiseram dar uma esticada ao Semente, na Lapa, onde encontrei Bebê, Guto Wirti,Yamandu e Zé Paulo Becker.  Uma noite bem musical que me deixou inspirado, fazendo-me levantar cedo pra pegar o violão mesmo sem ter tido muitas horas de sono.  Estão rolando muitas músicas novas, às vezes componho até dormindo, acordo e tenho que registrar logo pra não esquecer. 

Saindo pra dar uma malhada. Mais tarde um novo boletim.
Abs





Quarta, 23 

Fiquei até quase 9 da noite resolvendo coisas do show de Jesse Harris, dia 6 de novembro no Posto 8, para lançamento do seu disco que sairá pelo meu selo PIC Music. Jesse é bem o que se pode chamar de cantautor, palavra de origem castellana pra designar aquele artista que canta suas próprias canções. Em constante tournê pelo mundo, Jesse muitas vezes compõe e se apresenta tocando apenas banjo. Em maio ele esteve aqui no Rio com outro compositor Richard Julian, passsando uns dias de férias criativas. Compusemos uma canção a três. Em novembro, Jesse vem acompanhado do percussionista Bill Dobrow e Richard que fará uma participação especial.  Eles chegam alguns dias antes quando aproveitaremos para compor mais e preparar uma ou duas canções para minha participação no show.  Apenas para lembrar, Jesse é um hitmaker americano, autor, entre outras, do maior sucesso de Norah Jones Don't know why, uma das músicas mais executadas no mundo nos anos de 2002/2003, quando saiu o primeiro disco de Norah onde Jesse assinava 5 canções. Quando estviver mais perto do lançamento darei mais infos. Segue o link:

http://www.jesseharrismusic.com/





Só me dei conta da hora, quando Chiara chegou em casa e então fomos direto pra Sala Baden Powell onde estava rolando o projeto Bratuques.  Chegamos lá na hora da participação de Luiz Brasil, que confirmou sua excelência como músico.  A sala estava cheia, Marco Lobo e banda mandando muito bem. O projeto, que semana que vem segue com os convidados Ná Ozzeti e Toninho Horta,  tem tudo pra dar certo. Não ficamos pro abraço, tivemos que sair antes do fim, pois tínhamos que encontrar uma amiga de Chiara de passagem pelo Rio, Anati Cohen, excelente saxofonista e principalmente clarinetista, apontada seguidamente pela Down Beat,  revista americana especializada em música, como a melhor clarinetista do ano. Ela esteve se apresentando no Festival de Jazz de Ouro Preto, depois veio dar uma esticadinha aqui. Anati é mesmo incrível como pode-se ver em seu site:

http://www.anatcohen.com


Como já anunciava o texto, esse é um post todo voltado pra música. A cada dia conheço e me surpreendo com coisas novas, o mundo musical parece não ter fim. É bom entrarmos em contato com outros artistas e estilos musicais, pra nos descondicionarmos, arejarmos o coração e a mente, por isso fico sempre aberto e receptivo às novidades.





Por falar nisso, assisti no Youtube uma apresentação do cantor Belo, sexta passada, 18,  na Fundição e Progresso, Lapa, onde ele canta Pra Rua Me Levar. Não consegui descobrir se ele também gravou em seu disco novo ou se está apenas cantando nos shows, mas imagino que muita gente deva estar torcendo o nariz para esse fato. 

Essa canção que foi feita especialmente pra Maria Bethânia que a gravou em seu disco Maricotinha, em estúdio e depois ao vivo em CD/DVD. Depois foi regravada por Ana Carolina, integrando o repertório de 3 de seus discos (Estampado, Ana e Jorge, Perfil) e 3 DVDs (Estampado ao Vivo, Ana e Jorge, Multishow 2 Quartos). Foi amplamente executada nas rádios com Ana e  Seu Jorge. Eu também a gravei em meu CD/DVD Sinal dos Tempos com a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro

Pela trajetória da canção, acho que ninguém  a imaginava na voz de um cantor popular e polêmico como o Belo. Eu confesso que gostei do fato, porque gosto da música e acho bom que mais pessoas a conheçam. A letra tem profundidade, fala de coisas importantes e por isso merece ser partilhada por públicos maiores. Música é vibração, sintoniza as pessoas. Se  a vibração é boa, harmoniza e, a meu ver, estamos precisando de mais harmonia. 

A diluição faz parte da história das grandes músicas. Garota de Ipanema, por exemplo, nasceu no ambiente da bossa nova, que era um ambiente a princípio pequeno e seleto e hoje é uma das canções mais executadas do mundo. Existem versões maravilhosas, com João Gilberto, Frank Sinatra & Tom, Elis Regina, Gal Costa, Diana Krall, Ella Fitzgerald, Nat King Cole, Baden Powell e Sarah Voughan, entre muitas. Há uma versão muito interessante feita por Marina Lima a quem os puristas devem ter execrado. Sei que existem, mas ainda não ouvi as "Garotas" de Madonna, Cher e  Sepultura. E conheço mais de uma dezena de versões insuportáveis que prefiro nem citar. Os casos semelhantes são inúmeros.  Depois de feita, a canção ganha vida própria e perdemos o controle sobre onde ela chegará e como será tocada. Imagine em quantos bares e rodinhas de violão, com  acordes e letras trocadas isso não acontece. O Belo é um cantor afinado, fez um arranjo dentro da sua praia e está dando bem o recado para o seu público. O que é melhor nisso tudo, é que ninguém é obrigado a ouvir. Há todas versões anteriores que já citei e provavelmente outras virão, cada uma para um tipo de gosto. Pra quem quiser conferir a do Belo, segue o link:


http://video.tiscali.it/canali/truveo/1622390921.html

Que atirem as primeiras pedras ...



Se alguém esteve no Bratuques diga lá o que achou. Tenho alguns livros pra comentar e sugerir. Mas vou deixar para o próximo post pra poder dar mais ênfase e não misturar os assuntos. Obrigado pela atenção. Até mais!


Abs.